quinta-feira, 11 de abril de 2013

Falando em relaxar....que tal uma massagem indiana?


Com base na idéia de que a saúde perfeita se encontra no equilíbrio dos doshas , um dos tratamentos mais conhecidos na medicina ayurvédica é o Panchakarma. Sua sistematização data mais de 1200 anos AC. Não é um tratamento único para curar doença determinada. Na verdade, trata-se de um ciclo de cinco terapias de purificação conforme necessárias (e que pode incluir estímulos à excreção, vômito e sangramento) com o objetivo de eliminar toxinas que desequilibram o estado de saúde corporal. Cuida do bem estar e previne doenças principalmente com foco no bom funcionamento do aparelho digestivo. Dependendo do tempo e intensidade das terapias elimina-se toxinas de anos e anos acumulados. Conseqüentemente, promete melhorar a pele, cabelo, brilho dos olhos, disposição. Como todo tratamento ayurvédico, sugere-se complementar com a prática de yoga. Não se trata de cuidar da saúde mental, encontrada no equilíbrio dos gunas (componentes essenciais ou energias vitais da mente), cuja perfeição jamais se realiza por meros mortais, mas que pode ser melhorada com ajuda do vegetarianismo, oração e meditação.
O tempo mínimo para um ciclo completo de Panchakarma é de 21 dias. Como eu só tinha 6 dias num hospital e centro ayurvédico do Kerala (um tanto diferente do Rica e seu “meninão” que foram passar um feriado num hotel/SPA), fui lá descobrir o povo do Kerala, aproveitar uma alimentação mais simples e leve (longe dos currys amanteigados e encremados do Norte), porém não menos picantes (devo ter ingerido 5kg de folha de curry e pimenta do reino misturados no dahl de cada dia, cada hora, café, almoço e jantar), fazer um pouco de yoga e experimentar uns tratamentos pré-panchakarma. Aqui entram as massagens ayurvédicas.
São basicamente dois tipos de tratamentos pré-panchakarma, cujo principal objetivo é a aplicação de medicamentos herbais misturados aos óleos que facilitam sua absorção, entrando para depois sair do nosso organismo como se estivessem tirando as toxinas “com a mão”. De um lado, os pacientes ingerem medicamentos misturados ao ghee (extrato de manteiga, na forma líquida, que ativa e maximiza a absorção dos medicamentos pelos tecidos internos). Por outro lado, pela parte externa do corpo, são aplicados medicamentos misturados na maior parte das vezes aos óleos. Essas aplicações são feitas com a ajuda das massagens (de diferentes formas e praticamente em quase todas as partes do corpo) e também do shirodhara (fluxo contínuo de óleo ou outros líquidos derramados em cima do terceiro olho).
Dito isso, o óleo, de fato, é praticamente o protagonista de qualquer tratamento ayurvédico. Tanto é que merece uma cama própria, feita em formato específico para não escorrer óleo no chão e de madeira especial para facilitar a higienização. Ao mesmo tempo é uma cama bem dura. Mais confortável do que dormir no chão, pior do que dormir em rede, mas muito pouco confortável para quem está acostumado a dormir em colchão de molas ensacadas e forrado com pillow top de viscoelástico.
Massagem ayurvedica by Priscila
Fiz massagens de vários tipos. A que servia mais para fortalecer o corpo do que relaxar, além de ser feita com muito óleo, cobriu meu corpo de uma pasta/lama rosa, que saia e era espalhada por trouxinhas de pano, que continham um preparado de um arroz especial misturado e aquecido com leite. A sensação inicial era muito boa. Depois senti muito frio, o que explicou o que veio em seguida: o banho mais escaldante que já tomei na vida.
A maioria das massagens é feita em dupla de terapeutas, às vezes trios, para aumentar a intensidade da aplicação e da circulação, melhorando a absorção dos medicamentos, que se completa com a transpiração. Para essa última, nos colocam na tal “mini-sauna”, sentados dentro de um bloco de madeira que está ligado literalmente a uma panela de pressão. Ali, fica-se, pelo tempo necessário dependendo de cada um, apenas com a cabeça para fora, coberta com um pozinho alaranjado que tem por função não deixar a cabeça ferver.
Depois de todas as massagens, óleos, arroz, lama, água quente, vapor, pozinhos coloridos, esfoliantes, chegava uma sensação interminável de cansaço. Muito cansaço. Mais cansaço. Mas como ficar tão cansada de não fazer nada, ou ainda, de receber massagens e tratamentos “relaxantes”? Na verdade o corpo trabalha silenciosamente recebendo diversos estímulos para eliminar as toxinas … A sensação de relaxamento e disposição mais constantes só apareceu uma semana depois dos tratamentos.
Nos centros ou spas mais sérios, os terapeutas são sempre do mesmo do sexo do paciente/cliente. Daí o desespero do Rica. Se para ele o maior pesadelo foi sentir o “meninão” escaldado no óleo morno que escorria na medida em que um indiano esfregava o corpo dele, pra mim, não fosse certa previsão e preparação para o caos, o pesadelo teria sido passar uma semana inteira com óleo no cabelo cheirando amendoim queimado, justamente por causa do shirodhara com o qual o Rica tanto relaxou que até apagou. Pago 10.000 lacks pra ver o Rica negando uma massagem ayurvédica feita pela Juliana Paes e mantendo firme a posição de experiência única (na vida) como ele diz. Enfim, eu faria tudo de novo e ainda por mais tempo, mas não recomendaria tratamentos ayurvédicos principalmente como o shirodhara durante um final de semana de baladas e outros compromissos sociais. Demorei pelo menos uma semana para ter o cabelo de volta ao normal e abandonei umas 4 peças de roupa por lá mesmo para não correr o risco de perder a mala inteira cheirando óleo queimado.      

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